Moda é uma das indústrias mais caras, lucrativas e com impacto ambiental. Felizmente, tanto designers como fashionistas procuram alternativas “mais verdes” para substituir alguns materiais utilizados em massa.
Uma verdadeira revolução
O couro feito de bactérias já está sendo usado como uma alternativa “verde” ao couro bovino, mas em breve poderá se tornar ainda mais verde. Os cientistas desenvolveram um método que faz com que os próprios micróbios coloram a pele, eliminando assim a necessidade de corantes tóxicos, informa o site New Atlas, citando uma publicação na revista Nature Biotechnology.
A produção de couro bovino tradicional, assim como de carne bovina e leite, definitivamente não tem uma pegada totalmente “verde”.
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Por um lado, vastas áreas da paisagem natural devem ser desmatadas para pastagens e campos para o cultivo de forragem para o gado. Por outro lado, as fezes e a urina concentradas das explorações agrícolas são uma importante fonte de poluição da água. Além disso, globalmente, as vacas produzem uma quantidade significativa de gases de efeito estufa quando arrotam.
O curtimento de couro também é problemático porque utiliza muita água e produz muitos resíduos. Alguns deles estão na forma de corantes sintéticos tóxicos usados para colorir o material.
Com estas desvantagens em mente, bem como considerações éticas, vários grupos decidiram produzir couro a partir de fontes como células de vaca cultivadas em laboratório, fungos, seda e bactérias. Neste último caso, bactérias especiais são induzidas a produzir folhas de “celulose bacteriana” (BC) semelhante à pele.
No contexto de tudo isto, ainda permanece a questão de encontrar uma alternativa durável, económica e não tóxica às tintas. É aqui que entra a nova pesquisa.
Mais sobre o novo material
Kenneth Walker, cientistas do Imperial College London criaram uma cepa geneticamente modificada da bactéria Komagataeibacter rhaeticus, cuja versão comum é agora usada para produzir celulose bacteriana. O que diferencia a nova cepa é que depois de produzir uma folha BC, os micróbios também produzem um pigmento preto chamado eumelanina.
No processo, as bactérias são primeiro colocadas num meio de crescimento e depois deixadas durante 14 dias para produzir uma folha de celulose bacteriana. Feito isso, o meio de crescimento é removido e substituído por uma solução contendo os reagentes necessários para a síntese de eumelanina.
A celulose bacteriana é então agitada suavemente durante 48 horas a uma temperatura de 30 graus Celsius. Dessa forma, as bactérias passam a produzir eumelanina, que colore permanentemente o material de preto. Por fim, o BC foi esterilizado em banho de etanol, embebido em solução de glicerol a 5%, colocado sobre uma matriz e deixado secar.
Nos testes realizados até agora, folhas do material foram costuradas para formar uma carteira, e outra folha foi moldada na parte superior de um sapato. Além do mais, uma amostra da celulose bacteriana preta manteve a sua cor depois de ser usada para “demonstração ativa” durante 42 meses.
Os pesquisadores já estão explorando métodos para fazer com que as bactérias produzam pigmentos de outras cores. Na verdade, já criaram outra cepa bacteriana que produz pigmentos coloridos sob a influência da luz azul.
Fonte: BTA